Flaviense Bruno Pio sagra-se campeão em Espanha
O guarda-redes flaviense de 22 anos, Bruno Pio, destacou-se ao serviço do Antela FC, onde se sagrou campeão da Primera Futgal, garantindo assim a subida ao Preferente.
Com formação feita ao serviço do Grupo Desportivo de Chaves,
Bruno Pio atuou, enquanto sénior, ao serviço do Vidago FC, Juventude de Pedras
Salgadas e CDC Montalegre, nas três ocasiões no Campeonato de Portugal.
O Antela FC, onde atua o flaviense, terminou em primeiro
lugar da Primera Futgal, com 82 pontos, mais 16 que o segundo classificado. Uma
campanha, que para além do recorde de pontos (82) e golos (83) do clube na
prova, terminou com o título de campeão e com o regresso ao Preferente, um ano
depois.
À conversa com o Canal Alto Tâmega, o guardião flaviense relevou
tratar-se de uma “aventura” repentina.
“Tive duas temporadas no Campeonato de Portugal, onde, na
minha autocrítica, talvez não me afirmei da melhor maneira ou não me
valorizaram, e por isso, achei que tinha de mudar e sair da minha zona de
conforto, mas nunca na vida pensava em mudar de país, foi uma mudança muito
grande mesmo. (…) A mudança para o Antela foi uma aventura que veio de repente,
sabíamos que íamos lutar para subir, mas entre dizer e fazer é uma grande
diferença. Estamos muito contentes por aquilo que conseguimos e vamos ver o que
é que fazemos para o ano”.
Numa liga onde atuam vários portugueses, Bruno é o único
jogador estrangeiro do emblema da cidade de Xinzo de Limia. O guardião
flaviense destacou o papel dos colegas e restantes membros do clube no seu
processo de adaptação.
“A adaptação foi complicada, porque estive a minha vida toda
perto dos meus amigos e da família. O facto de estar aqui sozinho complicou
muito mais as coisas, mas tive a sorte de ter companheiros, treinadores e [elementos
da] direção que me ajudaram imenso. Os primeiros meses foram complicados, mesmo
a nível da língua, às vezes, falo com eles e não me entendem, mas são pessoas
com um coração enorme, muito compreensíveis, bem-dispostas, sempre dispostas a
ajudar. Nunca vi no mundo do futebol pessoas tão boas como encontrei este ano
no Antela”.
Questionado acerca da mudança de vários portugueses para
o futebol espanhol, Bruno Pio fala num país onde “valorizam muito mais o
jogador e a pessoa”.
“Havia aqui uma outra equipa contra quem joguei, que também
tinha muitos portugueses, que é o CF Monterrei, que está a ser dirigida pelo mister
flaviense, Tiago Pona, e é aí que vemos que aqui valorizam muito mais o jogador
e a pessoa. Vale igual se tens 20, 25 ou 30 anos, se és bom e se trabalhas bem,
vais jogar. Para eles o currículo não interessa. O meu treinador quando me
contratou, abordou a questão do jogo que eu fiz contra o Futebol Clube do Porto
e disse-me: «Se pensas que vais jogar nesta equipa por teres jogado contra o
Porto, estás completamente enganado. Se não trabalhares, se não demonstrares
que queres jogar mais que o outro, comigo podes ter a certeza que não vais
jogar». Acho que é nestas coisas que está a grande diferença, eles não olham a
nomes, nem a currículos”.
O conjunto de Xinzo de Limia terminou a prova com a
defesa menos batida, com 22 golos sofridos, em 34 partidas. Apesar de
preferir “realçar mais o coletivo do que o individual”, Bruno Pio faz um
balanço individual “muito positivo”, numa temporada em que sofreu 18 golos, em
31 jogos.
“Faço um balanço muito positivo, mas também tenho de realçar
a equipa que temos, a união e a família que somos dentro do balneário. Nunca
encontrei um balneário tão unido e isso dentro de campo notava-se muito. Quando
as coisas se começavam a complicar, dávamos as mãos e o ‘peito às balas’ e
muito dificilmente sofríamos golo. Obviamente, nas vezes em que chegavam à
nossa baliza, tinha de estar à altura, mas prefiro realçar mais o coletivo do
que o individual, pois se não fossem os outros à minha frente a correr, de
certeza que tinha muitos mais golos sofridos”.
Com olhos postos na próxima temporada, o guarda-redes de
22 anos espera uma liga “muito física”, “muito competitiva” e “a um nível
superior ao Campeonato de Portugal”.
“Este ano havia oito ou nove equipas muito competentes e essas
estão no nível do Campeonato de Portugal. Agora no que toca à sexta divisão (Preferente),
para qual nós vamos agora e que eu nunca joguei, mas já me informei acerca, é
uma divisão onde há muitos veteranos, jogadores que já estiveram na segunda ou
terceira liga e pelo que percebi é muito física, muito competitiva e que está,
seguramente, a um nível superior ao Campeonato de Portugal, já Liga 3 não diria.
É uma mistura, digamos, de Campeonato de Portugal com algumas equipas do nível
da Liga 3”.
Em relação ao futuro, o jovem guardião descarta voltar
para Portugal, afirmando que quer continuar no Antela FC.
“Estou muito feliz aqui, sinto-me valorizado e aquilo que eu
mais quero para mim é ser feliz. Estou muito confortável no Antela e não penso
voltar para Portugal, quero ficar aqui, se eles assim entenderem”.
Diogo Batista
Fotos: DR
15/05/2025
Desporto
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