Numa crítica à mina de lítio que a empresa Savannah Resources quer explorar em Boticas, nas aldeias de Covas do Barroso e Romaínho, o manifesto sublinha “a resistência das populações locais contra a falsa transição verde e o extrativismo liberal”, classificando o momento atual como “dramático”, uma vez que, “o Estado português impôs uma decisão burocrática, a “servidão administrativa”, que autoriza a empresa a entrar nos terrenos coletivos (baldios) e também nos terrenos privados”. Uma decisão “antidemocrática” que coloca as populações “em legítima defesa”, lê-se no comunicado enviado.
Este manifesto denuncia, o “paradigma
do extrativismo” que dizem que “há séculos destrói comunidades e
territórios” e que “agora apela ao mantra da desmaterialização e da
transição energética para recauchutar a indústria automóvel, mineira, militar e
fóssil”. O manifesto contesta a cumplicidade entre o “Estado e as
corporações multinacionais, prontos para sacrificar mais um território”, é
ainda referido.
Em destaque no conteúdo desta
iniciativa da sociedade civil estão os impactos ecológicos, designadamente "os
elevados riscos ambientais locais e para toda a bacia hidrográfica do
Douro".
A argumentação do manifesto
apoia-se nas conclusões do estudo realizado pelo professor Steven Emerman, um
especialista em mineração, hidrologia e geofísica, que aponta "amplas
consequências ambientais e a absoluta falta de inaptidão do projeto da Savannah
Resources no contexto ecossistémico em que se insere, deformidades que podem
levar a uma `falha catastrófica` da barragem de rejeitados", prevista
no projeto mineiro.
O manifesto foi subscrito por 115
coletivos e organizações de Portugal e Espanha, foi também assinado por mais de
850 cidadãos e continua aberto para assinaturas.
Entre os subscritores coletivos
estão a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, Associação
Portuguesa de Antropologia (APA), - Grupo de Estudos de Ordenamento do
Território e Ambiente (GEOTA), a associação de defesa do ambiente Campo Aberto,
Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) e a ÍRIS - Associação Nacional de Ambiente.
Sara Esteves
Foto: DR
Sociedade