Associação Futuro do Barroso afirma que exploração de lítio é “um processo irreversível”


A Associação Futuro do Barroso foi apresentada esta quarta-feira, dia 29 de janeiro, em Beça, concelho de Boticas, pelo seu Presidente José Moura que afirma “lutar por um futuro mais próspero” da região e refere-se à exploração de lítio em Covas do Barroso como um “processo irreversível”.

A Associação Futuro do Barroso foi fundada, em Boticas, a 23 de janeiro, por José Moura e tem como objetivo, em representação da comunidade, promover o diálogo nas negociações com a empresa responsável pelo projeto de mineração do lítio em Covas do Barroso, a Savannah Resources.

 

O Presidente desta associação encara a mineração de lítio em Covas do Barroso como uma oportunidade, mas está ciente que é “um projeto que comporta muita preocupação, mas quero que desta adversidade, nós consigamos muitas oportunidades e este nosso concelho tão carente de tantas coisas, precisa imenso de oportunidades”.

 

A origem desta associação surge, segundo José Moura, da falta de “diálogo que todos sentimos entre a Câmara (Boticas) e a empresa exploradora. A partir de determinado momento, nós compreendemos a posição do Sr. Presidente da Câmara (Fernando Queiroga), compreendemos que as preocupações e as inquietações são muitas, mas considero ser um processo irreversível, portanto, nós só temos de aproveitar a oportunidade e daqui tentar retirar o maior número de benefícios possíveis”.

 

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) viabilizou ambientalmente a exploração de lítio na mina do Barroso emitindo uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável em maio de 2023, integrando um conjunto alargado de condicionantes.

 

Em outubro, a Savannah Resources recorreu à figura de servidão administrativa temporária para acesso aos terrenos privados e baldios de Covas do Barroso, tendo sido concedido, conforme despacho publicado em Diário da República a 6 de dezembro, pelo Gabinete da Secretária de Estado da Energia. A secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, autorizou a constituição de servidão administrativa, pelo prazo de um ano.

 

José Moura em declarações à Rádio Alto Tâmega, explica que tendo em conta as autorizações dadas pelo governo, a concretização deste projeto será um “processo irreversível”. 

 

“Temos a sensação que esta situação é irreversível e sendo irreversível, naturalmente, só temos que preparar-nos e movimentar-nos no sentido daqui tirarmos o maior rendimento possível. (...) O desenvolvimento traz aquilo que eu chamo as dores de desenvolvimento, mas ainda bem que as traz, porque se não trouxer dores de desenvolvimento significa que nós à medida que caminhamos vamos morrer”, referiu o líder desta associação.

 

O botiquense de 67 anos aponta que esta exploração mineira vai combater a “desertificação humana”. 

 

“Vai atrair imensa gente para trabalhar, estão previstos pelo menos 500 postos diretos e 2000 indiretos, o que significa 2500 pessoas, num meio que tem apenas menos de 5000, é impensável que isto não traga desenvolvimento e uma mais-valia para esta região”.

 

O responsável desta associação admite entender as preocupações da população, mas considera que poderá ser uma mudança “positiva”, embora considere que as pessoas tenham de ser ressarcidas.

 

Proprietário de uma casa de turismo rural no concelho de Boticas, José Moura afirma que já acolheu membros da empresa exploradora de lítio, mas não vê qualquer entrave nesta ligação, porque considera que a sua atividade não depende da mina.

 

Esta é a segunda associação criada na sequência do interesse por parte da Savannah Resources em explorar lítio e outros minerais a céu aberto, este movimento é composto por habitantes da aldeia de Covas do Barroso.

 

Texto e fotos: Diogo Batista


29/01/2025

Sociedade


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