Música e tradição numa forte aliança no XXI Encontro de Cantadores de Janeiras
O Mercado Municipal de Vila Pouca de Aguiar foi palco do XXI Encontro de Cantadores de Janeiras que se realizou no sábado, dia 25 de janeiro, e que contou com a presença de cinco grupos.
Já somam 21 encontros, o que
confere algum prestígio a esta edição das Janeiras. Estiveram presentes o Grupo
de Cantares do Alvão, o Grupo de Cantares de Raiz do Monte, a USTAG –
Universidade Sénior das Terras de Aguiar, o Grupo de Cantares Aguavelames e o
Grupo de Cantares da ACREPES – Associação Cultural E Recreativa Estudantil De
Pedras Salgadas. Para animar ainda mais este encontro, a Filandorra – Teatro do
Nordeste, apresentou peças de teatro entre as
atuações dos grupos.
As Janeiras são uma tradição com
significado já que são consideradas referência cultural na região. Inicialmente,
o costume incluía grupos de amigos ou vizinhos que se juntavam e iam de porta
em porta cantar as Janeiras, com ou sem instrumentos, como forma de desejar um
bom ano. Casos havia em que os Cantadores de Janeiras incluíam nas músicas os
nomes dos donos da casa e, terminada a cantoria, era esperado que os
proprietários trouxessem então as janeiras, tais como castanhas, nozes, maçãs,
chouriço ou morcela.
Os Encontros de Cantadores são uma
iniciativa da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar que, segundo a
Presidente, Ana Rita Dias, “é importante
no sentido de passarmos a mensagem aos mais novos e para que eles também
continuem com estas tradições que já vêm de há muitos anos, de as pessoas se
juntarem, saírem à rua e estarem a conviver”.
As 21 edições demonstram, para o
Município, uma “aposta clara na tradição, na cultura, nas nossas associações,
nas nossas pessoas, e é isso que nós pretendemos” reforçando ainda a
importância de “mantermos esta união
entre todos e a conjugação de cultura das várias freguesias e localidades”.
A Presidente incentiva ainda a entrada nos Grupos de Cantares e incita a “abraçar o desafio e sentir que (…) é
divertido estar ao pé dos mais velhos e dos mais novos num encontro de gerações”.
Isabel Oliveira, Presidente da
Associação Cultural Recreativa e Social do Alvão, salienta que com o Grupo de
Cantares do Alvão tentam manter e reavivar a tradição das Janeiras e vão “recuperando músicas e letras com as pessoas
mais antigas porque, se não, acaba por se perder tudo”. Referiu ainda que
tem notado um “grande interesse,
nomeadamente de juventude, no que respeita a instrumentos (…) a aprender
acordeão e concertina, o que aqui há uns anos não existia” e que “que podemos vir a aproveitar num futuro
próximo”.
No Grupo Desportivo Recreativo e
Cultural de Raiz do Monte, representado pela Presidente Sandra Mendes, é o “olhar, as palmas (…) que nos dá força para
estar no palco”. Para este Grupo de Cantares, é importante “o convívio dentro das casas, e a forma como
nos recebem” e “como a Comissão de
Festas faz parte dessa tradição, é algum dinheiro que junta para a festa
[anual]”.
A USTAG foi representada pelo
Diretor da Universidade, João Sousa, que elogia a dedicação dos elementos da
Tuna “Os nossos alunos gostam muito de
atuar” e “empenham-se muito para sair
bem (…) gostam que saia sempre como nos ensaios”. Nos últimos dois anos,
indica, tem havido um crescimento de interessados na Tuna já que “a Professora Teresinha e todo o resto da
equipa da Universidade Sénior, puxam para mais um, trás mais outro” e “a própria Tuna da USTAG tem crescido por
causa desses novos alunos”.
A atuar desde o primeiro ano deste
Encontro, Cândida Sousa, Presidente da Associação Aguavelames refere que “a coisa mais importante é conhecer pessoas
(…) que vêm, tanto as que já pertencem aos grupos, como outras pessoas que vêm
a acompanhar, e o convívio é muito bom”. Como recompensa aquando do canto
das Janeiras, Cândida Sousa diz que recebem “Muito carinho e muito amor” e ainda o facto de “olhar e ver que estamos a fazer algo com que as pessoas se sentem bem
e felizes”.
Para Helena Almeida, Presidente da
ACREPES, a agenda tem estado repleta de eventos já que, imediatamente antes do
Encontro de Cantadores em Vila Pouca de Aguiar, tinham estado no mesmo evento
em Chaves. Sobre a dedicação que necessitam para os ensaios, confessa que “é muito trabalho, até porque nós não tivemos
assim tantos ensaios porque andámos durante 15 dias, todas as noites, a cantar
os Reis de porta em porta para angariar fundos” e é “com isso que também conseguimos sobreviver,” relembrando que a
Associação fará 32 anos de atividades este ano. É com “muito carinho e aplausos” que têm motivação para continuar e deixa
um agradecimento “a toda a gente que nos
ajuda”.
Ângela Vermelho
Fotos: Joel Magalhães
28/01/2025
Cultura
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