CIMAT insiste na criação de Centro de Competências de Bioprodutos
A Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT) voltou a destacar o interesse em criar na Quinta da Sobreira, em Vidago, um Centro de Competências da Agricultura Biológica da Bio-Região do Alto Tâmega e Barroso.
A manifestação de interesse
aconteceu na segunda-feira, 29 de abril, durante o encerramento do Projeto
Aquae Vitae, que decorreu no antigo edifício do Centro de Formação Agrícola
Alves Teixeira, espaço que se encontra devoluto e que a CIMAT acredita na
obtenção do direito de usufruto.
Atualmente em mau estado de
conservação, devido ao seu abandono, a Comunidade Intermunicipal prevê que a
requalificação e revitalização do espaço “será uma forma de dar continuidade
à marca deixada pelo Benemérito de Vidago, Bonifácio Alves Teixeira, honrando,
assim, a sua memória, grandeza e generosidade, bem como a sua predileção e
primeira vontade deixada em testamento, a Escola de Agricultura Alves Teixeira
de Vidago, que já naquela altura, em 1909, tinha uma visão estratégica do
território que se adequa aos dias de hoje”, disse a CIMAT em comunicado.
“Esperamos que este veículo
possa cumprir a sua vocação originária. Já no início do século XX, ele
(Bonifácio Alves Teixeira) tinha uma visão territorial”, começou por
destacar Nuno Vaz, presidente da Câmara Municipal de Chaves, referindo que este
edifício nasceu com o propósito de aportar valor a todo o território do Alto
Tâmega e Barroso e não apenas a Vidago ou a Chaves. O autarca flaviense
realçou, ainda, a vontade deixada em testamento por Bonifácio Alves Teixeira da
“obrigação de se desenvolver um projeto na área da agricultura” neste
edifício com uma vertente itinerante.
Também, Ramiro Gonçalves,
primeiro Secretário Executivo da CIMAT, salientou a inteligência e a visão de
Bonifácio Alves Teixeira ao referir que o seu testamento “é um
extraordinário documento estratégico atualizadíssimo à data de hoje e é
absolutamente brilhante o facto de uma pessoa há tantos anos ter pensado que
era necessário criar uma escola com competências nesta temática e essa escola
teria de ser itinerante. Ou seja, teria de ir à procura das pessoas e não ficar
apenas fechada nela própria”.
Tendo o setor agrícola representatividade
na economia da região, a CIMAT tem vindo a incentivar o modo de produção
biológico e, mostra-se ciente de que “é fundamental a aposta na capacitação
dos seus atores”, considerando que “este espaço, com uma capacidade
brutal, permite-nos, hoje em dia, pensar que poderá ser novamente uma escola
centrada no Bio, sendo um contributo para a região, para o País e para o mundo,
acrescentando sempre a mesma coisa: conhecimento, inovação e uma dimensão de
podermos externalizar o nosso produto”, concluiu Ramiro Gonçalves.
Fernando Queiroga, presidente da
CIMAT e do município de Boticas, reforçou a necessidade de capacitação dos
agricultores da região que pode ser instanciada “nesta Quinta, em Vidago”,
propriedade da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte
(CCDR-N), “que com esta área, estas características e o projeto que já
apresentámos, que não obteve financiamento, mas do qual não vamos desistir,
conseguimos dar vida a este local. Queremos implementar aqui um projeto não só
de produtos biológicos, mas também dar aqui formação aos nossos agricultores,
(…) e dar escala aos nossos produtos, para que o valor acrescentado dos mesmos
fique no território. É mais uma forma de fixar a população.”
João Moura, Secretário de Estado
da Agricultura, reconheceu a importância da utilização deste edifício para o
desenvolvimento do território, comprometendo-se a “levar o recado
relativamente às instalações (…) que fazem parte de um património edificado,
mas também de um património simbólico para esta região devido a toda a formação
que já foi aqui dada no passado”. Uma das missões que assumiu enquanto
Secretário de Estado da Agricultura foi a de “desmistificar o preconceito de
que o agricultor é inimigo do ambiente” levando inspiração para mostrar ao
restante território nacional, incluindo ilhas, de que é possível a prática de
uma agricultura sustentável e amiga do ambiente.
António Cunha, presidente da
CCDR-N corroborou a importância de se instanciar neste espaço o Centro de
Competências da Agricultura Biológica da Bio-Região do Alto Tâmega e Barroso.
O Alto Tâmega e Barroso foi a
segunda região do país a certificar-se como Bio-Região, a primeira numa
dimensão supramunicipal, e consta da estratégia delineada para o território
investir na formação e capacitação dos seus agricultores.
02/05/2024 Repórter de imagem: Carlos Daniel Morais
Sociedade
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