Ex-autarca de freguesia de Chaves recorre e diz ter sido “injustamente acusado”


Manuel Ramos foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa por dois crimes, um de peculato e outro de falsificação de documentos.

O ex-presidente da Junta de Freguesia de Santa Leocádia, no concelho de Chaves, foi acusado a 16 de janeiro pelo Ministério Público (MP) pela prática de um crime de peculato, praticado por titular de cargo político, e por um crime de falsificação agravado, por suspeita de se ter apropriado de mais de 13 mil euros, propriedade da Junta de Freguesia.

Ao Canal Alto Tâmega, Manuel Ramos, condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa, disse que vai recorrer da decisão e que foi “injustamente acusado”.

“Acho que fui injustamente acusado e não merecia aquilo que me fizeram. O que fiz por aquela freguesia não tem preço. Tenho orgulho de deixar naquela freguesia, o que nenhuma outra [freguesia] de Chaves tinha. Aquilo que dei àquela gente acho que não tinha preço”, salientou o ex-autarca dando exemplo como caminhos abertos e alcatroados, pontos de combate aos fogos, um parque com uma piscina, dois contratos com a autarquia e ainda uma obra, um salão de convívio com uma cozinha, que diz não ter conseguido terminar a tempo.

Questionado sobre o valor que é suspeito de se ter apropriado, o ex-presidente de Junta de Freguesia explica que “esse dinheiro que estou acusado, foi dinheiro que eu paguei, a quem eu não devia ter pago e de uma retroescavadora que eu tive que acabar de pagar, porque o senhor que nos emprestou dinheiro, sem juros, ‘apertou’ para eu pagar naqueles dois anos e pouco que faltavam. É certo que passei noites sem dormir a pensar como iria fazer. Tinha resolvido vender a máquina, mas naquela altura”, ter-lhe-á sido recomendado não vender porque o equipamento “fazia falta à freguesia. Aceitei para o bem daquela freguesia. Infelizmente para o meu mal”, diz.

Manuel Ramos diz que “queria sair da junta sem esse encargo porque tinha a certeza de que ninguém ia assumir aquilo porque não havia nada escrito entre mim e a pessoa que emprestou o dinheiro. Se soubesse o que ia acontecer hoje, é evidente que eu escrevia”, frisou.

Acusado de dois crimes, o ex-autarca desta freguesia de Chaves admite que tudo o que fez foi “sem maldade e com vontade em deixar a freguesia melhor”.

“Fiz as coisas sem maldade e sem me aproveitar de nada. Tudo o que eu pude rentabilizar naquela freguesia eu rentabilizei. Eu esqueci a minha vida. Eu dediquei-me mais aos outros do que a mim próprio. Eu abdiquei até da minha família. Eles podem tentar enxovalhar o meu nome, mas há uma coisa que não conseguem apagar: aquilo que eu deixei naquela freguesia. Eu não fiquei com nenhum cêntimo daquela Junta de Freguesia, pelo contrário. Em 2011, não tínhamos dinheiro e para pagar uma rua que tínhamos feito, depositei na conta da junta um cheque meu de dois mil e quinhentos euros. Era o dinheiro que tinha”, afirma.

Manuel Ramos, eleito na altura pelo Partido Socialista (PS) cessou funções enquanto Presidente de Junta em 2013. Ao ex-autarca foi ainda aplicada a pena de 100 dias de multa à taxa diária de sete euros, num total de 700 euros. O Ministério Público requereu o perdimento a favor do Estado das quantias ilicitamente apropriadas pelo arguido e a condenação deste no seu pagamento.


06/02/2024 Jornalista: Sara Esteves Repórter de imagem: DR

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