MONTALEGRE: Rota das Carrilheiras de Barroso terminou em Vilar de Perdizes
O regresso das Carrilheiras de Barroso foi saudado com recomendação garantida para continuar.
Um evento promovido pelo município de Montalegre e Ecomuseu de Barroso - que é a cara de um concelho com chão Património Agrícola Mundial. A 15.ª edição teve jornada dupla. Iniciou em Pitões das Júnias e terminou em Vilar de Perdizes com a ''Rota dos Lagares Rupestres''. Uma pequena rota circular de 5 km, iniciada na Capela de Santa Marinha, que juntou mais de 70 participantes. Um percurso com cariz solidário dirigido à Cercimont que leva para a instituição 350 euros da caminhada, mais 150 dados pela U.F. de Vilar de Perdizes e Meixide.
A Rota dos Lugares Rupestres é uma Pequena Rota Circular com alguns desvios que permitem a visita a lagares escavados na rocha entre outros pontos de interesse. Tem início e término junto à capela de Santa Marinha e desenvolve-se ao longo de 5km por caminhos agrícolas, por vezes ladeados por muros de ''pedra seca'' e com a montanha como paisagem de fundo. Parte da Rota é acompanhada pelo som das águas do Rio Assureira que seguem o seu percurso e originam um dos acidentes naturais mais interessantes, as Olas, onde em cerca de 1km o rio se ''esconde'' na paisagem e passa a seguir o seu percurso subterraneamente, podendo ser transporto em época estival. O trajeto desvenda parte do território, tradicionalmente rural, da freguesia de Vilar de Perdizes. Ao percorrê-lo encontramos um mosaico diversificado de elementos tradicionais que lhe conferem uma agradável simbiose entre a paisagem natural e a paisagem construída: matos, soutos, vinhas, lagares rupestres, património arquitetónico e arqueológico.
Em Vilar de Perdizes encontra-se um considerável número de lagares escavados na rocha, conferindo a esta freguesia uma caraterística peculiar que a diferencia do restante concelho. Para a plantação de vinha e a produção do vinho é necessário reunir algumas particularidades, sendo o tipo de solo uma das mais importantes, a par das condições climáticas. Mas não são apenas os vestígios de lagares que documentam a produção de vinho neste pedaço do concelho. Merece igualmente destaque a existência de um podão (instrumento em forma de faca semicircular) gravado num afloramento da calçada de Santa Marinha, que representa a faca de vindima que o vindimador usava para auxiliar no corte dos cachos, a falcata vineatica. Embora o cultivo da vinha e a produção de vinho tenham tido um papel marcante nesta zona geográfica, o que dela resta são apenas resquícios vivos de memórias. Estes lagares são estruturas constituídas por uma área de pisa da uva pelo pé humano, ou calcatorium, onde se forma o mosto proveniente da uva que escorre através de uma bica ou orifício, sendo recolhido por vasilhame ou depositado na lagareta ou lacus, quando existente. A lagareta é localizada a uma cota inferior e no caso de ser escavada no afloramento é comum existir uma concavidade para escoamento total da mesma. O lagar escavado na rocha distingue-se perfeitamente dos lagares tradicionais das nossas adegas, são estruturas com particularidades únicas, e o que normalmente as diferencia é a sua pouca profundidade e ligeira inclinação. Nas laterais do calcatorium encontram-se as stipite, cavidades de formato variável, (quadrangular, retangular ou mesmo circular), as quais se destinavam à colocação da prensa, em madeira. Os elementos de prensagem do vinho, construídos geralmente em madeira, são encaixados no afloramento, já talhado para o efeito, e posteriormente arrumados para a reutilização no ano seguinte.
22/05/2022
Sociedade
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