CANTO CURTO - JOSÉ GOMES, HOMEM DO LEME


CANTO CURTO - OPINIÃO DE SEBASTIÃO IMAGINÁRIO

Reconheço que o campo de recrutamento é pouco vasto, mas, mesmo assim, se tivesse o poder de decisão, neste momento, não seria a minha escolha, mas como foi essa a opção da administração, passa a ser o meu treinador.

José Gomes, ex. treinador do Marítimo, é o substituto de Vítor Campelos, curiosamente, seu adjunto durante vários anos. Uma contratação contra todas as expetativas, considerando os nomes que foram ventilados.

Qualquer opção teria associado um risco, mas esta é claramente de risco elevado. Os últimos trabalhos de José Gomes foram fracassos. Foi assim na época 20/21 no Almería, onde não conseguiu o objetivo de subida, saindo a 6 jornadas do fim. Na época 21/22 esteve na Arábia Saudita no Al Taawon, sendo substituído quando estava um ponto acima da linha água, com 6 vitórias em 25 jogos. Na época 22/23 iniciou-a no Ponferradina onde foi vítima de chicotada, deixando o clube com 4 vitórias, 5 empates e oito derrotas, e foi assim no Marítimo onde não conseguiu impedir a descida de divisão. Claro que o treinador não é o único culpado, mas acaba por ser sempre um dos principais.

As memórias mais frescas dizem-nos que José Gomes desceu de divisão, e é claro que esse facto provoca desconfiança na massa associativa. O que não deixa de ser natural. Esse estigma irá acompanhá-lo. Desta forma, não digo que parta fragilizado para a nova temporada, embora seja visto com desconfiança pelos adeptos flavienses. Ora, compete ao treinador fazer tudo por conquistar a confiança, um pouco à semelhança do percurso que teve o seu antecessor. Isto é, demonstrando competência diária, porque é isso que acontece no futebol. Mais, esta é também uma janela de oportunidade para José Gomes apagar a imagem que lhe está colada.

As ideias de José Gomes têm algumas parecenças às de Vítor Campelos, embora me pareça que o seu futebol é mais vertical, com menos posse de bola. Pelos menos, foi isto que vimos nos últimos jogos do Marítimo, talvez também por força da linha atacante que apresentava.

Aspeto onde Vítor Campelos demonstrou muita competência foi na potencialização dos ativos e esse é um campo onde José Gomes não tem ou pelo menos ainda não demonstrou a mesma capacidade. Assim, este será um desafio adicional.
A escolha é questionável, mas tal como os adeptos a Administração quer o melhor.


Mas, que outras opções existiam? Vejamos algumas.

Armando Evangelista, seria uma boa escolha, com três épocas de muito bom nível no Arouca. Optou por ir para terras de Vera Cruz. Bruno Pinheiro, foi de quem se falou a seguir. Fez dois trabalhos de qualidade Estoril, e embora fosse uma solução credível, não é aquele treinador que me entusiasme. Mas era uma boa opção que não se concretizou devido a exigências da Federação do Catar.

Mário Silva tem pouca experiência a este nível. Muito bom trabalho no FC Porto sub-19, onde venceu a Youth League da UEFA. Falhou rotundamente no Rio Ave, seguindo-se um trabalho positivo no Santa Clara e outro pouco conseguido.
Vasco Seabra seria aquele que mais se aproximava da ideia de jogo de Vítor Campelos, mas depois de trabalhos positivos, esta época no Marítimo foi um…naufrágio.

Ivo Vieira é um treinador que aprecio por colocar as suas equipas a praticar um futebol positivo e ser frontal, sem rodeios na análise aos jogos. Esta seria a minha escolha. No entanto, reconheço que os seus dois últimos trabalhos não foram positivos.

A seguir dois treinadores que seriam quase consensuais e que dariam respaldo à administração. Álvaro Pacheco pelos excelentes trabalhos que fez no Vizela e anteriormente no Fafe, e Carlos Carvalhal, um treinador que nesta fase da carreira é um sonho “proibitivo” para os cofres da SAD.

Na equação também poderiam entrar dois estrangeiros com conhecimento do nosso campeonato: Júlio Velasquez e Pako Ayestarán.

Vendo o panorama, reconheço que o campo de recrutamento é pouco vasto, mas, mesmo assim, se tivesse o poder de decisão, neste momento, não seria a minha escolha, mas como foi essa a opção da administração, passa a ser o meu treinador, e naturalmente tem que ter o beneficio da duvida e todo o nosso apoio.

José Gomes é o homem do leme para a longa viagem (campeonato), onde teremos que estar todos no mesmo barco, a remar no mesmo sentido para desaguar em porto seguro (permanência). Pode haver divergências, o que é natural, mas o supremo interesse impõe a nossa dedicação, o nosso apoio, que certamente não será negado.

Contratado o treinador é tempo de construir uma equipa capaz. Considerando que Paulo Vítor saiu e que muito provavelmente outros poderão ter o mesmo destino (J. Correia, Ponck, B. Langa, J. Teixeira e Juninho, têm mercado), torna-se fundamental constituir um plantel forte com jogadores de qualidade, mas também grandes homens e grandes profissionais.

Estejamos otimistas. Tem que ser esse o estado de espírito!
PS. Se nada se alterar, voltaremos a estar em contacto quando o campeonato regressar. Até lá boas férias.


20/06/2023

Desporto


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