Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso critica pedido de segunda servidão administrativa


A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) acusou a Savannah Resources de “persistir no assédio” às comunidades ao solicitar uma segunda servidão administrativa para aceder aos terrenos e expandir trabalhos de sondagens na Mina do Barroso no concelho de Boticas.

Em comunicado, a UDCB refere que a comunidade local de baldios de Covas do Barroso e vários proprietários privados foram notificados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) sobre a provável autorização de uma segunda servidão administrativa na área de concessão mineira da Savannah Resources na freguesia de Covas do Barroso, no concelho de Boticas.

O pedido acontece depois de o Ministério do Ambiente já ter autorizado uma primeira servidão em dezembro de 2024.

A associação disse que uma nova servidão demonstra que a Savannah quer “expandir os trabalhos de prospeção através da instalação de novas plataformas de sondagem e de poços geotécnicos que aprofundam a agressão em curso às serras” e que “continua a não ter o consentimento da comunidade local de baldios e da grande maioria dos particulares”.

A DGEG informou os proprietários da “possibilidade de exercer o direito de audiência prévia, no prazo de 10 dias, relativamente ao provável sentido favorável da decisão final ao pedido” da Savannah”, justificando com a “necessidade de definir com rigor detalhado as áreas e volumes de exploração por forma a apresentar o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) no âmbito do licenciamento ambiental”.

As populações de Covas do Barroso e Romaínho alertam ainda, neste comunicado “para um crescendo de agressões” listando para a presença de segurança privada 24 horas, tanto nas áreas habitadas como nas Serras. “Esta presença gera um sentimento de insegurança e de invasão na população local. Vários habitantes têm relatado tentativas de os impedir de circular em terrenos e vias de uso comunitário, desconforto por se sentirem constantemente vigiados, dificuldade em descansar devido ao ruído dos motores durante a noite e insegurança rodoviária, fruto de condução perigosa”. 

A UDCB alerta ainda para “várias tentativas da GNR para isolar e intimidar proprietários de terrenos com o intuito de os dissuadir do seu direito a resistir à agressão em curso” e para o “aparecimento de novos equipamentos de videovigilância que incidem sobre a via pública, incluindo recurso a câmaras ocultas, violam o direito à privacidade das populações e aumentam o sentimento de vigilância permanente”, lê-se ainda no comunicado onde a Associação refere que responsabiliza o Governo “pelo escalar da resistência caso decida autorizar uma segunda servidão”.

Em fevereiro, os trabalhos estiveram suspensos 15 dias em consequência de uma providência cautelar, interposta no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela contra a servidão administrativa concedida em dezembro, retomando a prospeção depois do ministério responder com uma resolução fundamentada, invocando o interesse público do projeto.

A Declaração de Impacte Ambiental (DIA) condicionada da mina do Barroso foi emitida em maio de 2023 e a empresa prevê que a produção tenha início em 2027.

A mina do Barroso foi considerada um projeto estratégico pela Comissão Europeia em março de 2025, mas tem sido contestada localmente por populares, autarcas e ambientalistas.

Nos últimos sete anos, foram realizadas várias manifestações e submetidos processos judiciais, entre outras ações de luta contra a exploração mineira neste território.

 Foto: DR


11/06/2025

Sociedade


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