Projeto recorre à inteligência artificial para detetar precocemente a contaminação da água


O projeto o “Aquapred” reúne entidades de Espanha, França e Portugal, entre as quais, o AQUAVALOR – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água (CoLAB) e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

O projeto “Aquapred” dispõe de mais de 1,8 milhões de euros (ME) e vai usar Inteligência Artificial (IA) para controlar contaminantes em águas termais, em seis balneários do consórcio europeu. Em Portugal, será aplicado nas Termas de Chaves e, segundo Maria José Alves, responsável pelo AQUAVALOR, permitirá economizar recursos e evitar a contaminação das águas termais.

“Aquilo que vai ser feito é tentar através de IA detetar possíveis micro-organismos contaminantes antes de se fazer os doseamentos analíticos. Vamos provavelmente, deixar de fazer tantos doseamentos e gastar menos dinheiro nos parâmetros analíticos, e conseguir de uma forma mais precoce detetar possíveis contaminações nas águas”, apontou.

O projeto, considerado inovador, será executado ao longo de 36 meses, tendo como objetivo a implementação da tecnologia.

“Vamos implementar dispositivos em seis centros termais de França, Espanha e Portugal para controlar e monitorizar as águas termais para usos terapêuticos, mediante o sistema de inteligência artificial. Esse sistema irá arrecadar dados que vão ser enviados para a Universidade da La Corunha e, mediante um sistema de aprendizagem, vamos tentar prevenir possíveis alterações que podem estar na água termal, e que será necessário corrigir para que as propriedades terapêuticas da água sejam garantidas”, referiu José Luis Legido da Universidade de Vigo e responsável principal do projeto.

O Aquavalor será responsável por sequenciar todas as águas minerais naturais de todos os balneários que vão participar no projeto. “O objetivo é utilizar toda a informação daquilo que é o hidrogenoma da água e a partir daí, podermos utilizar esses dados, juntamente com a Inteligência Artificial, para detetar precocemente possíveis contaminações na água”, salientou a responsável pelo AQUAVALOR.

“Já recebemos a água de todos os balneários. Já fizemos a extração de todo o DNA, para depois podermos sequenciar e dar resposta àquilo que são as solicitações dos vários balneários”, disse Maria José Alves. Um trabalho que conta também com o apoio de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança.

A iniciativa, com duração de três anos, tem uma verba superior a 1,8 milhões de euros cofinanciada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), em 75%, e reúne um consórcio com seis balneários termais e entidades de Portugal, Espanha e França.

 O consórcio assegura que desenvolverá um sistema que permitirá controlar preventivamente e de forma automática, os elementos fundamentais das águas, utilizando a Inteligência Artificial. O trabalho será realizado através da digitalização de dados em tempo real e da análise contínua dos parâmetros obtidos.

O projeto, apoiado pelo programa Interreg - Sudoe, prevê criar “um modelo Deep Learning para antecipar a presença de microrganismos, como a Legionella e a E.coli”, de modo a “minimizar possíveis riscos e maximizar as propriedades medicinais da água, aumentando ainda a base científica sobre o tema”.

O “Aquapred” quer assegurar o controlo das propriedades singulares da água termal, salvaguardando os termalistas que a utilizam. 

O consórcio reúne 14 entidades de Portugal, Espanha e França. Participam várias instituições ligadas à investigação como a Universidade de Vigo, a Universidade da Corunha, a Universidade Complutense de Madrid, de Espanha, os portugueses AQUAVALOR – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água (CoLAB) e Instituto Politécnico de Bragança, e ainda o Instituto de Termalismo da Universidade de Bordéus, a Universidade de Pau e o cluster termal “Aqui O Thermes”, de França.

São ainda parceiras instituições ligadas ao Termalismo, nomeadamente, em Portugal, a Empresa Municipal de Equipamentos de Chaves (Termas de Chaves) e a Comunidade Intermunicipal de Viseu Dão Lafões e, em Espanha, os Balneários de El Raposo e de Hervideros, o Grupo Caldaria (Balneário de Lais) e o Grupo Iberik (Balneário de Augas Santas).

A apresentação pública do projeto aconteceu no Balneário Termal de Laias, em Ourense, Espanha e a segunda reunião do projeto em Chaves, esta quinta-feira, 14 de novembro, na Sala Multiusos da Biblioteca Municipal.

 

Texto e fotos: Sara Esteves


14/11/2024

Sociedade


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