CHAVES: Oficina de Escrita e o Espaço Gm+, na Escola Dr. Júlio Martins


Dentro dos espaços de uma escola, podemos dizer que há espaços abertos e outros fechados. Poderiam ser espaços ao ar livre, que bom seria, temos de experimentar, potenciando ainda mais a vossa diversidade e criatividade.

 A “oficina de escrita criativa”, na Escola Dr. Júlio Martins, dentro da estrutura Gm+, estava aberta a todos aqueles que quisessem aparecer, desde o 3º ciclo ao secundário. A Anabela Martins aguardava que se inscrevessem, pois queria que dessem início a um novo momento nas vossas vidas, oferecendo-vos ferramentas novas, como o coração, sem formalismos e sem “stores”, uma facilitadora de emoções. Mariana Reis e Rosana Oliveira aparecestes, numa manhã, como aventureiras solitárias, determinavam que a amizade, a crítica, a música, os pintores, os filósofos, os lamentos próprios da adolescência, de ninguém vos levar a sério, aguentassem um ano inteiro, assíduas, uma ou outra vez com menos pontualidade, mas ninguém estava para julgar. O que importava é que fossem momentos de uma educação integral, integradora e inclusiva. Soraia Pipa e Verena Rodrigues, como quem nada quer, fostes entrando, ouvindo, verbalizando o que sentis e passaram a pertencer a esta equipa. Fomos o número suficiente.
Iniciámos as nossas conversas, demos atenção ao oral, como se fossemos psicólogas e pacientes ao mesmo tempo, na sala de pequenos grupos. Adolescentes e adulta, nenhuma de nós, era fã daquela sala! Aí fomos escrevinhando alguns textos, frases soltas no quadro branco, uma caneta nova que eu guardo no meu estojo cor-de-rosa, onde guardo as cores do arco-íris, do nosso Natal, como se fosse cada uma de vós. Um arco-íris noturno, só nosso, repleto de estrelas, mas quatro delas com um brilho especial. Desenganem-se se vos confundo com a estação orbital!! Sois um universo especial nas vossas famílias, na nossa escola, dos vossos professores, dos amigos e da professora que vos acolheu, coadjuvantes com prazer, durante um ano letivo.
– Anabela, quando vamos comer um gelado?
Passámos a frequentar o espaço Gm+, pois à sexta-feira, de tarde, não estava ninguém! Que bom!!! Um espaço pequeno, com um sofá fofo e acolhedor, com uma mesa redonda, com o seringador de gel a adornar o centro, um quadro que se movia para onde quiséssemos, um computador para registos e umas grandes portas que se abriam para entrar a luz, a imaginação, o prazer, a turbulência das vossas ideias, a vossa inconformidade perante a avaliação de determinados professores, a raiva de não saberdes falar de política; a Mariana Reis já manda uns “bitaites”! Todos estes “happenings” foram demasiado importantes pois provocámos admiração e a escrita e a arte são armas de poder na era global. Fiz-vos a promessa de que para o ano falaremos do presente, do passado, do futuro, onde estão as conjunturas que nos atormentam e as estruturas que deveremos mudar para sermos melhores. Prometi-vos que sabereis votar com confiança, quando chegar a altura.
“Um casal de relógios” de Miguel Torga deu-nos asas para colocarmos a escola a olhar-se ao espelho. Com a política dos 3Rs, construímo-lo. Quem somos nós? O que vejo? Gosto daquilo que este objeto reflete? Sou mesmo a “fofinha” que me diz ser a minha mãe? Não quero ver uma imagem que não seja a minha! Sou eu ou a minha carapaça? O que vejo será uma ilusão?
O professor Gil Alvar e nosso diretor, teve a honra de ser o primeiro a ver a nossa exposição e deu-vos os parabéns, pois, em trabalhos deste género, reflete-se, discute-se, dão-se pareceres, e, o melhor, incentivou-vos a continuar. Também ele se questionou em frente ao espelho, mas como o fez só para nós, ficou guardado como um segredo.
- Anabela, quando vamos almoçar?
Obrigada a todos vós!


Anabela Maria Neves Martins


19/06/2022

Cultura


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