Suspeito de atropelamento mortal em Vilar de Nantes conhece decisão a 14 de março
Homem está acusado pelo Ministério Público de homicídio qualificado.
O Tribunal de Vila Real marcou para
14 de março a leitura do acórdão de um homem, de 68 anos, suspeito de atropelar
mortalmente um idoso, há mais de um ano, na freguesia de Vilar de Nantes,
concelho de Chaves.
O homem, acusado pelo Ministério
Público (MP) do crime de homicídio qualificado, começou a ser julgado pelo
coletivo de juízes do Tribunal de Vila Real a 31 de janeiro e na segunda-feira,
04 de março, decorreram as alegações finais, tendo o coletivo de juízes marcado
para o dia 14 de março a leitura do acórdão.
No início do julgamento, o
arguido negou ter visto a vítima na berma da estrada, afirmando apenas que
sentiu um choque, mas não parou.
O alegado crime aconteceu pelas
9h20, de 6 de janeiro de 2023 na Rua António de Medeiros junto a uma oficina. A
vítima, um homem, à altura dos factos com 78 anos, residente na freguesia da
Madalena, estaria a sair da sua viatura, quando foi colhido por um automóvel
ligeiro.
Segundo o Ministério Público (MP)
que considerou, na altura, “suficientemente indiciado”, o arguido “encontrando-se
ao volante de um veículo automóvel, e ao avistar a vítima que se encontrava
apeada junto a um outro veículo automóvel, fez com que o veículo por si
conduzido embatesse no corpo da vítima”.
Após o embate, e segundo a
acusação, o arguido “prosseguiu a sua marcha, entalando a vítima entre os
dois veículos automóveis, projetando-a cerca de 3 metros”, tendo, de
seguida, “acelerado o veículo que conduzia pondo-se em fuga”.
Em consequência do embate, o
Ministério Público destacou que a vítima “sofreu graves lesões em diversas
partes do corpo, nomeadamente pélvicas que foram causa direta da morte”. No
dia do atropelamento, o septuagenário foi transferido para os cuidados
intensivos da unidade hospitalar de Vila Real, onde acabou por falecer.
De acordo com a acusação, a que a
Agência Lusa teve acesso, o arguido terá agido com "o intuito de se
vingar da vítima por esta ter instaurado contra si uma ação judicial”. Essa
ação judicial foi instaurada pela vítima contra o arguido em 1996, para
pagamento de uma dívida e, na sequência da qual, em 1997 foram penhorados dois
tratores pertença do arguido.
O MP disse que esta ação terminou
em dezembro de 1997 com o pagamento, por parte do arguido da quantia em dívida,
tendo sido ordenado o levantamento da apreensão dos referidos tratores.
De acordo com a Lusa, o arguido “reconheceu
ter problemas de audição, repetiu por diversas vezes que não viu ninguém, que
sentiu um choque, mas alegou ter pensado que embateu num caixote do lixo que se
encontrava na berma da estrada”.
Referiu ainda que, “depois de
ter parado o carro, foi trabalhar, sem ter ido verificar se havia algum dano na
viatura”, tendo contado que soube do atropelamento por um vizinho. Quando
confrontado pela PSP disse “não saber de nada e ter vendido, um ou dois dias
depois, o carro a um sucateiro”.
Segundo a mesma fonte e durante o
julgamento, a presidente do coletivo de juízes confrontou o suspeito com
algumas incongruências no seu depoimento, como o facto de este dizer que o
carro já estava destinado à sucata, mas ter ido com ele à oficina uns dias
antes.
“No dia do alegado crime,
imagens de videovigilância mostram o carro do arguido a cruzar-se com o da
vítima na zona de Vilar de Nantes, tendo o suspeito feito inversão de marcha. O
arguido alegou que voltou para trás porque se apercebeu que não tinha o cartão
para ir comprar gasóleo e que estava um dia de nevoeiro, embora a acusação
refira que estava um dia com boas condições de visibilidade. Foi, segundo a
acusação, após a inversão de marcha que aconteceu o atropelamento”.
Questionado sobre esta contenda,
o arguido disse “nunca mais ter visto a vítima, nem sequer se cruzado com
ela e que nunca mais tiveram problemas um com o outro”.
Após o atropelamento, a PSP de
Chaves tomou conta da ocorrência e a investigação transitou, depois, para o
Departamento de Investigação Criminal de Vila Real da PJ.
O arguido, que tinha 66 anos
quando foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em fevereiro e encontra-se em
prisão preventiva.
05/03/2024 Jornalista: Sara Esteves Repórter de imagem: DR
Sociedade
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