Região do Alto Tâmega e Barroso passa a ter Tribunal Arbitral de Consumo
Polo do Tribunal Arbitral de Consumo foi inaugurado na terça-feira, 23 de junho, na cidade de Chaves, no edifício da Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT), nas instalações da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso. O serviço tem como objetivo a resolução de “pequenos conflitos” de consumo, entre consumidores e empresas, que não excedam os 30 mil euros.
Desde terça-feira, 23 de junho, que
os consumidores e empresas da região do Alto Tâmega e Barroso têm à disposição
uma nova entidade para mediar conflitos de consumo sem custos judiciais. Este Tribunal
Arbitral, situado no último piso do edifício da AMAT, resolve litígios relacionados
com serviços públicos essenciais, como fornecimento de água, energia,
comunicações eletrónicas e postais ou o transporte de passageiros. Conflitos
relacionados com compra e venda e garantias de bens de consumo, cumprimento dos
contratos, prestação de serviços, entre outros, referiu Fernando Viana do
Centro de Arbitragem do Tribunal do Consumo.
“Os tribunais de consumo resolvem
conflitos de consumo. Um conflito de consumo é todo o problema que pode surgir
entre um consumidor e uma empresa, seja no âmbito de um contrato de compra e
venda e em problema de garantias, que são uma das maiores fontes de
conflitualidade”, disse exemplificando um caso relacionado com garantias.
“Um consumidor adquire um
telemóvel, um televisor, um computador, uma mobília, ou o que seja e apresenta
defeito. O consumidor vai reclamar desse defeito junto do agente económico. O
agente económico diz que aquilo não é um defeito é má utilização. O consumidor,
neste caso, pode vir junto deste tribunal de Consumo para o ajudar a resolver
esse problema do defeito do telemóvel, que de repente deixou de funcionar e há
um prazo de garantia. Dentro desse prazo de garantia, o consumidor tem direito
à reparação, à substituição ou à resolução do contrato”, realça.
TRIBUNAIS DO CONSUMO RESOLVERAM
92% DE CONFLITOS EM 2024
Segundo o CIAB, os Tribunais do
Consumo resolveram 92% de conflitos no ano de 2024, dos mais de mil processos
que deram entrada. O tempo médio de resolução do problema ronda os 66 dias.
Este serviço gratuito tem polos criados nos distritos de Braga e Viana do
Castelo, onde incluía desde 2002 o concelho de Montalegre. Com o alargamento da
competência territorial, para a região do Alto Tâmega e Barroso, o CIAB passa a
deter competência territorial relativamente a 24 concelhos (a totalidade dos
que integram o Alto Minho, a que se juntam Amares, Barcelos, Braga, Esposende,
Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Vila Verde, bem como os seis
municípios do Alto Tâmega e Barroso) onde vivem cerca de 800.000 consumidores.
“Há muitos cidadãos que em
situações de conflito de consumo, de valores de pouca importância, não têm motivação,
nem viabilidade financeira para intentar uma ação, porque é necessário
contratar um advogado e suportar custas judiciais. Desta forma e para pequenos
conflitos de consumo, terão aqui um espaço, um serviço, uma solução. É um
tribunal arbitral e geralmente a decisão final será uma decisão fundamentada, justa
próxima, célere e justa”, disse Nuno Vaz, Presidente da Comunidade Intermunicipal
do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT).
Segundo o representante desta
comunidade intermunicipal, e também autarca do Município de Chaves, neste polo,
alvo de obras de adaptação para acolhimento de gabinetes, vão trabalhar dois juristas
que também irão prestar serviço junto de cada concelho, em atendimento
presencial e que contarão com a ajuda de árbitros de consumo do CIAB
credenciados.
CIAB É POUCO CONHECIDO E
CONFUNDIDO COM A DECO
O CIAB é um dos sete Centros que
integram a rede nacional de arbitragem de consumo, através da qual se
disponibiliza a nível nacional um serviço de informação gratuita no âmbito do
Direito do Consumo e se procede à resolução de conflitos de consumo, utilizando
a mediação, conciliação e arbitragem.
Segundo este tribunal, as pessoas
confundem o CIAB com a DECO que é uma é uma associação que defende os direitos
dos consumidores. “Eu diria que a DECO está para os consumidores, como um sindicato
está para os trabalhadores. Da mesma maneira que uma associação empresarial
também só defende os interesses das empresas. Mas o nosso serviço é um
tribunal que está entre os interesses dos consumidores e os interesses das
empresas. Portanto, tentamos ajudar ambas as partes, porque se o consumidor tem
um direito, a empresa também tem interesse em manter a clientela e, portanto, a
resolução do problema também é importante para a empresa”, destaca Fernando
Viana.
Na inauguração das instalações estiveram
presentes Nuno Vaz, Presidente da CIMAT, Sérgio Mano representante da
Administração do CIAB, Fernando Viana, do Centro de Arbitragem- Tribunal do
Consumo, Vera Eiró, Presidente do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos Serviços de
Águas e Resíduos (ERSAR), Sónia Lapa Passos da Direção-geral do Consumidor, que
participou através de uma intervenção em vídeo. Na sessão estiveram ainda
presentes o Presidente da Assembleia Intermunicipal da CIMAT, Anselmo Martins,
alguns dos autarcas dos Municípios do Alto Tâmega e Barroso, o Secretariado
Executivo Intermunicipal da CIMAT, e entidades de representação local ligadas à
GNR, ACISAT, ADRAT e AquaValor/IPB, entre outras.
Texto e Fotos: Sara Esteves
25/06/2025
Sociedade
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