Nova edição da Revista Aquae Flaviae homenageia os 500 anos de nascimento de Camões
O número 68 da Revista cultural Aquae Flaviae foi apresentado publicamente na quinta-feira, 12 de setembro, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Chaves. A nova edição homenageia o V Centenário do nascimento do ilustre poeta português, Luís Vaz de Camões.
Foi com ‘casa cheia’ que o Grupo
Cultural Aquae Flaviae apresentou ao público mais uma edição da sua revista
cultural. O número 68 desvenda e divulga vivências e espaços emblemáticos do
Alto Tâmega. A obra inclui estudos diversificados de natureza patrimonial,
natural e histórica da região, com enfoque em temáticas relativas aos castelos
de Monforte de Rio Livre e de Montalegre, aos notáveis transmontanos Bento da
Cruz e Abade de Baçal e ainda, como estrela principal, a memorização de Luís
Vaz de Camões.
“Parece impossível que
Portugal tenha um génio de literatura destes e que a nível nacional, ainda não
tenhamos visto aquela grande mensagem ou a grande atividade que mostre o valor
deste génio da literatura, que é festejado em todos os lados”, destacou a Presidente
da Direção do Grupo Cultural Aquae Flaviae.
Maria Isabel Viçoso orgulha-se de,
através da revista, homenagear este poeta português. “Soube numa notícia que
li que vai ser festejado [o 500º aniversário] em Nova York por uma fundação que
não tem nada a ver com Portugal. Ora, se isto acontece, nós ca em Portugal, e o
grupo cultural Aquae Flaviae, orgulha-se imenso de apresentar a capa com o selo
que saiu em 1924. Portanto, no seu quinto centenário e veja qual é o ícone, ele
a levantar os Lusíadas, a salvá-los no Rio Mecom, quando ele teve um naufrágio.
Não há dúvida nenhuma que este é um grande artigo, da autoria do Doutor Machado
Barbosa, que nos dá a conhecer a vida misteriosa de Camões”, acrescentou.
CAMÕES E AS LIGAÇÕES A CHAVES
“Não podemos garantir, mas há
investigações que nos levam a dizer uma aproximação muito realista que os seus
avós viveram em Vila de Nantes e que ele terá passado por cá, porque ele
escreve um poema, onde ele fala do castelo de Monforte de Espanha e fala do
Vale de Laza, portanto, só alguém que faz um poema a uma pastora que ali
existia. O que a tradição, mas a história não conseguiu ainda concretizar é que
efetivamente o local onde ele nasceu, onde ele viveu a maior parte do tempo,
até porque, são tantos os locais que o pretendem como seu, que de facto, Chaves
vê-se sempre aflito para impor alguns argumentos, mas para nós é uma glória
imensa apresentar este trabalho”, frisou Isabel Viçoso.
Durante a sessão, José Barbosa
Machado, investigador e docente da UTAD, responsável pelo estudo “Diferenças
tipográficas na edição de 1572 de Os Lusíadas de Camões”, cativou a atenção de
todos os presentes com a demonstração de provas que comprovam a existência de
contrafação à edição original de “Os Lusíadas”, datada de 1572. Segundo a
autarquia flaviense, “pôde-se observar várias discordâncias entre cópias com
a mesma data, nomeadamente nas gravuras que ornamentam a frontispício, encimada
pela imagem de um pelicano, que apresenta diferentes posições, bem como no tipo
de papel utilizado e na distribuição vocabular”.
Francisco Melo, vice-Presidente
da Câmara Municipal enalteceu o trabalho desenvolvido pelo Grupo Cultural Aquae
Flaviae. Reconhecendo “Luís de Camões como porta estandarte da identidade
lusitana”, o autarca dirige-se aos contrafatores do livro, como “heróis
nacionais, pois apesar do delito, permitiram que na clandestinidade se lê-se a
exaltação dos valores pátrios e se criasse uma ideia de identidade nacional,
que possibilitou resistir à diluição cultural que a ocupação filipina poderia
ter originado”. Ressalvou, também, que viabilizou a “difusão da nossa
história e o modo de nos expressarmos em português”.
Nesta edição são abordadas outras
temáticas que são efemérides. “Registamos os 750 anos do foral de Montalegre
e do seu castelo e do foral de Monforte de Rio Livre e do seu castelo, que 750
anos que foi outorgado por Afonso III”. Um trabalho elaborado pelo
professor José Dias Batista, um investigador barrosão, com uma recordatória de Gorete
Afonso, diretora da educação sociocultural em Montalegre.
“Temos também um trabalho de
um professor universitário da Universidade Nova, que não conheço, mas que fez
questão de me mandar um trabalho, pedindo que fosse publicado na revista Aquae
Flaviae, que são as armas do castelo de Montalegre, portanto associado ao
castelo, vem este trabalho deste professor”, salientou ainda a presidente
do Grupo Cultural Aquae Flaviae.
Outra efeméride destacada nesta
obra é de Abade de Baçal, uma figura nacional, pároco em Mairos. Um trabalho
desenvolvido por Alípio Afonso para complementar a biografia desse homem tão
relevante que faleceu aos 82 anos.
Depois do número 68, o Grupo Cultural
Aquae Flaviae irá lançar, no próximo ano, uma nova edição dedicada aos “nossos
maiores, nomeadamente o Mestre Morais Soares”.
Sara Esteves
Fotos: Carlos Daniel Morais
13/09/2024
Cultura
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