Cerci Chaves coloca a debate a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas, no mercado de trabalho e na sociedade


O segundo seminário ‘Inclusão e Diversidade’, organizado pela Cerci Chaves, sob o tema “O Direito a Ter Direitos no Portugal de Abril", colocou, na sexta-feira, 13 de setembro, em debate a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas, no mercado de trabalho e na sociedade em geral. A iniciativa decorreu no Auditório do Centro Cultural de Chaves e contou com a presença da Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes.

Com o arranque do novo ano letivo, a Cerci Chaves, Cooperativa de Educação e Reabilitação de cidadãos com Incapacidade, colocou especialistas, profissionais, familiares e a comunidade em geral, a discutir e a refletir sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas, no mercado de trabalho e na sociedade.

“Pretendemos sensibilizar a comunidade educativa quer toda a comunidade para a questão da inclusão das pessoas com deficiência. Quando falamos em inclusão, não falamos só de inclusão escolar, mas também na sociedade”, revelou Maria Adalgisa, Presidente do Conselho de Administração da Cerci Chaves.

Neste seminário foram abordadas questões essenciais para promover a inclusão e melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Maria Adalgisa dá alguns exemplos de “falhas” no processo de inclusão.

A cidade de Chaves, e a maior parte das cidades, não tem parque infantis inclusivos. Uma criança que ande de cadeira de rodas, não tem qualquer equipamento que possa desfrutar. Nas escolas, dentro de desporto escolar, falha muito o desporto adaptado. Não há uma sequência dessas atividades. Outra falha preocupante é o acesso das pessoas com deficiência ao emprego. As pessoas cumprem a escolaridade obrigatória, mas depois não têm emprego remunerado, como qualquer outro profissional”, salientou.

No que respeita à autorrepresentação, a Cerci Chaves recorda que estas pessoas “têm que ter direito a escolherem, a optarem. Elas têm que ter direito a dizerem se querem ir ao cinema ou ao teatro. Se querem vestir um fato de treino ou uns calções, isso é importante. Estamos a falar do respeito pela pessoa”.

A segunda edição do Seminário Inclusão e Diversidade, este ano sob o tema “O Direito a ter Direitos no Portugal de Abril”, procura, e passados 50 anos da Revolução dos Cravos, colocar as pessoas a refletirem sobre o caminho percorrido desde o 25 de Abril de 1974. O evento contou com a presença, no primeiro dia, da Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes.

“Queremos um Portugal Inclusivo, e por isso, temos que criar condições para que todas as pessoas que venham de fora, de diferentes nacionalidades, possam ser devidamente acolhidas. Que determinadas barreiras como a língua, sejam desde logo tratadas no sentido das pessoas se sentirem confortáveis e verdadeiramente integradas. Depois também no que diz respeito às pessoas com deficiência, queremos uma escola inclusiva, que é uma escola para todos, acessível onde as regras vão ao encontro daquelas necessidades de cada um dos jovens e crianças para garantir a igualdade de oportunidades”, disse a Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão.

Clara Marques Mendes admitiu que inclusão “começa em casa, na escola e na comunidade”.

“A inclusão está em todas as fases e dimensões na nossa vida, mas ainda há muito trabalho para fazer, para que, a inclusão seja efetivamente, uma realidade como queremos”.

Nesse sentido, a secretária de Estado da Ação Social e Inclusão disse que o Governo implementou a lei das cotas, para “garantir que uma determinada percentagem das pessoas que são contratadas são pessoas com deficiência”. Esta lei, e segundo a secretária de Estado, está no terreno este ano, mas “há um conjunto de trabalhos nomeadamente o Valor T que é para ajudar a empregabilidade porque temos consciência que é ainda uma dificuldade, mas é um caminho que temos vindo a fomentar e a escola é essencial para lhes dar as bases”.

A Cercichaves foi fundada, em 2017, por um grupo de cidades preocupado em desenvolver respostas ajustadas às necessidades das pessoas com deficiência ou com problemas de inserção socioprofissional. Um dos principais objetivos é “apostar na integração social das mesmas, desenvolvendo a sua autonomia e melhorando a sua qualidade de vida”.

“Acreditamos que os lugares nos quais as pessoas com deficiência devem viver, aprender e trabalhar, são os mesmos que são frequentados pelos restantes cidadãos. Há muito para fazer, com certeza, mas existem todas as razões para acreditarmos que estamos no bom caminho e a inclusão plena das pessoas com deficiência acabará por ser uma realidade”, referiu a Cerci Chaves.

O 2º Seminário Inclusão e Diversidade - “O Direito a ter Direitos no Portugal de Abril” termina este sábado, 13 de setembro.

Texto e Fotos: Sara Esteves


13/09/2024

Sociedade


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