O acampamento inicia esta
sexta-feira e prolonga-se até domingo, nesta localidade onde a empresa
britânica Savannah Resources quer explorar uma mina de lítio.
O evento reúne a população local,
ativistas e associações ambientais “num ato de contestação aos projetos de
mineração de lítio na região e à modalidade vigente de transição energética”, refere
a organização.
O presidente da UDCB explica que o
acampamento “é muito importante para nós e para a nossa luta porque mostra
que não estamos sozinhos, que há pessoas por todos os cantos do país que também
acham que isto que nos está a acontecer é uma injustiça”. Nélson Gomes, adianta
que o evento “mostra também que a aldeia está unida e disposta a continuar a
lutar pelo que é seu”.
Também Lúcia Mó, presidente da
Junta de Freguesia e membro da UDCB, sublinha a importância do acampamento. “Covas
do Barroso gosta de receber quem vem por bem, e, portanto, é uma alegria para
nós receber quem nos quer visitar e conhecer um pouco mais de perto. O nosso
sonho é que nos continuem a visitar no futuro, com esta luta ganha”.
O acampamento inclui uma arruada
pelas ruas da aldeia, de protesto junto ao Cruzeiro, no centro de Covas do
Barroso, onde serão proferidas palavras de ordem contra a mineração, momentos
de partilha com testemunhos dos habitantes e atos performativos, protagonizados
por locais, centrados no tema da justiça popular. O evento inclui debates,
concertos e espetáculos.
A luta contra a mina do Barroso
arrasta-se desde 2017, tendo-se intensificado no último ano, depois de, em
dezembro de 2024, o Ministério do Ambiente ter concedido uma servidão
administrativa à Savannah que lhe permite aceder aos terrenos para os trabalhos
de prospeção.
Entretanto, a empresa solicitou
uma segunda servidão administrativa para expandir trabalhos de sondagens neste
território do concelho de Boticas.
No comunicado, a UDCB explica que
a “empresa ocupou terrenos privados e baldios sem o consentimento da
população, para realizar trabalhos de prospeção”.
A associação lembrou que tem
contestado “repetidamente a legitimidade desta medida e denunciado o
continuado clima de vigilância, insegurança e intimidação instalado na aldeia”.
Neste contexto de “indignação
face aos abusos da empresa e à conivência do Governo”, o acampamento em
defesa do Barroso é, segundo a UDCB, um “momento de denúncia das injustiças
cometidas contra a população de Covas do Barroso, de mobilização de apoio e de
recolha de fundos para as ações legais da associação”, lê-se na nota
enviada.
Foto: CM Boticas
Sociedade