Artimanha Festival de Artes atrai mais de mil visitantes até à Lagoa do Alvão


Terminada mais uma edição do Artimanha Festival de Artes, que decorreu nos dias 4, 5 e 6 de julho na Lagoa do Alvão, em Vila Pouca de Aguiar, a entidade organizadora Animódia faz um balanço positivo.

A 5ª edição do Festival, organizada pela Animódia, uma Companhia de Arte e Cultura, terminou no domingo, dia 06 de julho, após três dias de duração, com a Lagoa do Alvão, em Vila Pouca de Aguiar, como pano de fundo. Levou até ao recinto mais de mil festivaleiros, o que “superou as expectativas”, refere a organização, que também aumentou a oferta de restauração e artesanato presentes no evento.

Com um leque variado de atividades direcionadas às crianças, o palco contou com a presença de artistas nacionais e internacionais, como Emmy Curl, Fogo Fogo, BRAMA, John Douglas, OMIRI e Magupi, assim como os DJs Gaiteirinho, Maryzka e Charrock. Houve ainda espaço para uma Talk/Roda de Conversa sobre “Cultura, Comunidade e Território” dedicada ao papel da cultura no mundo rural e na regeneração de territórios de baixa densidade.

José Miguel Carvalho, ou Zé Miguel, como é mais conhecido, é o Diretor Artístico do Artimanha Festival de Artes e faz uma contextualização sobre o evento, que começou por ser um festival urbano cujas primeiras três edições foram no centro de Vila Pouca de Aguiar. Criavam dinâmicas de animação de rua e pintura urbana, como o caso das caixas de eletricidade que os artistas locais decoraram.

Pelo segundo ano consecutivo a ser realizado na Lagoa do Alvão, um “espaço idílico”, diz Zé Miguel, é possível proporcionar uma experiência diferente e mais enriquecedora devido à natureza e ambiente envolvente e às infraestruturas do local. 

“Define-se como um festival com preocupações de sustentabilidade ambiental e social também, uma vez que criamos dinâmicas com a comunidade”. Relembra a primeira edição onde fizeram uma escultura, em formato de casa, produzida através da recolha de lixo e que está exposta na Praça João Paulo II, no centro da vila. Menciona ainda a dinâmica criada na edição do ano passado entre o grupo CRUA e o Grupo de Cantares da Lixa do Alvão, que permitiu que as pessoas revivessem as cantigas de trabalho na agricultura. Nesta linha, na edição de 2025 e numa fusão de estilos musicais, apresentaram uma residência entre o grupo de Folclore e Cantares da Associação Cultural Recreativa Estudantil de Pedras Salgadas (ACREPES) e o grupo Sons do Douro. “Somos festival de artes e pretendemos ter o máximo de expressões artísticas em cada edição”, salienta Zé Miguel.

 

Cultura, Comunidade e Território

O tema deste ano foi “Cultura, Comunidade e Território”, também explorado na Talk do último dia, onde quiseram explorar como é que a cultura pode trazer identidade a um território. “Acreditamos que a cultura pode e deve ser o motor de desenvolvimento do território”, afirma o Diretor Artístico do evento, que faz um paralelo “nós precisamos de comer para nos sentirmos bem fisicamente, mas também precisamos de cultura para estarmos bem mentalmente”. Zé Miguel evidencia ainda que “a cultura pode e deve ter um papel fundamental na preservação das tradições da identidade e da memória coletiva da região”.

 

Turismo Cultural

Quanto ao Turismo Cultural, a organização refere que através da experiência que proporcionam, com a música, espetáculos, participação da comunidade, “permite, a quem vem de fora e que nos vem visitar, perceber como é que nós vivemos, como é que nós nos sentimos e como é que se vive nesta região, e valorizar aquilo que temos de bom, que acreditamos que devemos manter, porque vivemos num tempo de globalização, o que o que pode desvirtualizar um pouco nossa identidade”.

 

Sustentabilidade

A sustentabilidade faz parte do ADN do Artimanha Festival de Artes e, na visão de Zé Miguel, “é um caminho a percorrer e não uma meta a atingir, há sempre coisas a melhorar, não só na questão ambiental, mas também financeira e social, e todos esses pontos são importantes no sentido de conseguirmos manter o Festival e ter próximas edições”.

 

Projeto Be Different

Em dezembro, como forma de celebrar o Dia Mundial da Deficiência e sensibilizar para a questão, já é hábito a Animódia juntar-se ao Centro Social e Paroquial Padre Sebastião Esteves, de Vila Pouca de Aguiar, para realizar uma atividade onde juntam, numa festa, instituições de jovens adultos com deficiência do Alto Tâmega, de todos os conselhos, para que se possam divertir.

Este ano decidiram que seria interessante “trazer esta população a este este espaço natural, à Lagoa do Alvão, e permitir que realmente eles se divirtam, convivam e que experienciassem tudo aqui”. Foi no dia 04 de julho, da parte da manhã que, em colaboração com os campos de férias do Centro de Treino Municipal (CTM) de Vila Pouca de Aguiar, desenvolveram uma atividade conjunta de plogging (prática desportiva e ambiental que combina corrida ou caminhada com a recolha de lixo), entre os utentes das instituições e as crianças e jovens em férias. “Foi incrível, foi muito bom (…) porque a ideia é mesmo essa, permitir que eles possam conviver e que se possam divertir, temos sempre música e cocktails sem álcool para eles”. Dado o sucesso, a organização admite que gostaria de manter a iniciativa nas próximas edições.

O Festival de Artes recebeu “pessoas de vários pontos do país e da Galiza vieram também festivaleiros”, refere a organização que acrescenta que “este evento é muito diferenciador”. Indicam ainda que é um Festival “de impacto e com um propósito: atrair cultura, preservar cultura, capacitar e contribuir para a sustentabilidade emocional do território”.

 

Ângela Vermelho

Fotos: Artimanha


09/07/2025

Cultura


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