O homem de 55 anos, que começou a
ser julgado em maio pelos crimes de homicídio qualificado, na forma tentada,
por atos preparatórios de um crime de incêndio, explosões e outras condutas
especialmente perigosas e ainda por detenção de armas proibidas, foi declarado como
“inimputável e perigoso” e fica sujeito a internamento numa instituição
psiquiátrica durante um limite mínimo de três e um máximo de 14 anos, dois
meses e vinte dias, segundo a Agência Lusa.
A medida será sujeita a
reavaliações e poderá não atingir o limite máximo se a perigosidade,
entretanto, cessar. O arguido tentou matar um outro guarda no interior do Posto
de Trânsito de Chaves e tencionava também incendiar e destruir o posto da GNR.
Na leitura do acórdão, terça-feira,
24 de junho, a presidente do coletivo de juízes disse, e segundo a Lusa, que o
militar na reserva foi considerado autor de facto dos crimes pelos quais estava
acusado, com exceção do crime de arma proibida, do qual foi absolvido. A juíza
disse que a versão apresentada pelo arguido em tribunal foi incoerente, o qual
referiu que não tentou matar ninguém, mas que se defendeu de uma suposta
agressão.
Luís Filipe Silva terá ainda de
pagar uma indemnização de quatro mil euros ao guarda que tentou matar.
O caso remonta a 3 de agosto de
2024, quando o militar, na reserva desde 15 de julho do mesmo ano, entrou pelas
19h00 no Posto de Trânsito de Chaves onde se encontrava apenas um guarda e
efetuou vários disparos até ser imobilizado por esse mesmo elemento da GNR.
Esse guarda, que se constituiu
assistente no processo, relatou em tribunal como conseguiu fugir aos disparos,
deitando-se no chão e saindo para o exterior por uma janela, contou ainda que
regressou ao interior do edifício, pela porta de entrada, por sentir uma
obrigação de zelar pela segurança do mesmo.
Lá dentro conseguiu depois
imobilizar o arguido, mas ainda foi agredido na cabeça com a coronha da arma, e
só à chegada de um outro militar da GNR é que o atacante foi algemado. O
militar teve que receber tratamento hospitalar, esteve de baixa, mas já regressou
ao serviço naquele posto.
A acusação relata que, para
executar o seu plano, o arguido colocou uma mistura inflamável de cor amarela
contendo gasolina no interior de várias garrafas de plástico e vidro e colocou
mechas no gargalo, improvisando engenhos de características muito semelhantes
aos que permitem iniciar e atear fogo, vulgarmente conhecidos como “cocktail
molotov”.
Relativamente a estas garrafas, o
arguido disse que lhe foram deixadas na varanda da sua casa para o assustar e
que as trazia no carro para as levar para a reciclagem. No seu carro tinha
ainda um machado, um cutelo, um martelo, rolo de fita castanha, isqueiros e
munições.
Na acusação, o MP refere que o militar na reserva apresentou várias denúncias e relaciona os factos com a circunstância de o arguido sentir revolta para com a instituição GNR e os seus colegas de serviço.
Sara Esteves
Foto: Carlos Daniel Morais
Sociedade