Comunidades e organizações europeias reúnem-se em Boticas para discutir impactos sociais e ambientais da mineração
A aldeia de Covas do Barroso e a vila de Boticas acolhem no fim-de-semana de 18 a 20 de outubro, o encontro ‘pan-europeu Zonas Críticas’ e o ‘IV Encontro Ibérico’ sobre os impactos sociais e ambientais da mineração, reunindo comunidades que serão afetadas por projetos mineiros e outros ligados à transição energética em Portugal, Espanha e países como a Sérvia e a Roménia.
Os eventos são organizados pelo
Observatório dos Recursos Naturais, pela MiningWatch Portugal, Ecologistas en
Acción, Amigos da Terra e a associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso,
com a colaboração do Observatório Ibérico da Mineração.
Durante três dias, mais de meia
centena de representantes de movimentos, plataformas e coletivos ibéricos e
europeus partilharão na aldeia de Covas do Barroso e na vila de Boticas
experiências e estratégias de resistência e solidariedade “face ao avanço do
extrativismo mineiro e energético e às suas consequências ambientais e
sociais”, refere a organização, através de um comunicado de imprensa conjunto.
“Este encontro é uma oportunidade
única para reunir o conhecimento de organizações ibéricas e europeias com a
experiência vivida das comunidades afetadas por projetos mineiros e
energéticos,” sublinha Nik Völker, presidente do Observatório dos Recursos
Naturais. “Só através desta articulação podemos denunciar práticas destrutivas
e propor alternativas concretas baseadas na justiça ambiental e na gestão
sustentável dos recursos.”
A empresa Savannah Resources é
responsável pelo projeto mina do Barroso, que prevê explorar lítio neste
concelho que foi reconhecido pela FAO como Património Agrícola Mundial. “O caso
de Covas do Barroso não é apenas local. Somos um exemplo sistémico de como a
pressa por minerais críticos ameaça comunidades, ecossistemas e modos de vida
em toda a Europa e no mundo. Mostrar esta realidade e as suas conexões é
essencial para repensarmos o rumo da transição energética,” afirma Carla Gomes,
da associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso.
Ao longo do encontro, serão
realizados debates, oficinas e sessões de trabalho sobre alternativas à
mineração, defesa do território e cooperação internacional. Terá também lugar a
caminhada guiada “Paisagens de Poder”, em Morgade, no concelho de Montalegre,
“que proporcionará uma leitura histórica sobre a forma como as paisagens e
sociedades do Barroso foram moldadas por grandes projetos (agro)industriais,
como as barragens hidroelétricas e os processos de colonização interna do
século XX”, lê-se na nota conjunta da organização. Serão ainda apresentados os
avanços do Observatório Ibérico da Mineração, que mapeia más práticas do setor
e já documentou mais de uma centena de casos, bem como o fórum internacional
“Povos contra o Extrativismo”, que conta com a participação de organizações de
vários continentes, incluindo representantes da Confederação de Nacionalidades
Indígenas do Equador.
O programa inclui dois momentos abertos
ao público. No sábado, 18 de outubro, às 20h30 decorrerá a exibição de estreia
nacional do documentário “Scars of Growth” no Auditório Municipal de Boticas,
seguida de um debate com a realizadora, protagonistas e comunidades afetadas.
Já no domingo, 19 de outubro, às 10h00 haverá uma ação solidária em Covas do
Barroso, em apoio às comunidades em luta pela defesa do território e do
património ambiental. Os encontros “pretendem fortalecer alianças entre
comunidades e organizações que enfrentam projetos extrativistas em toda a
Península Ibérica e na Europa, reforçando a cooperação para uma transição
energética verdadeiramente justa, democrática e sustentável”, explicam a
MiningWatch Portugal, a Unidos em Defesa de Covas do Barroso e os Ecologistas en
Acción.
16/10/2025
Sociedade
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